Toda manhã a gente toma café
Alcides Villaça, no livro Ondas Curtas.
na xicrinha de ágata vermelha.
Um dia ela permanece limpa limpa
sobre a toalhinha branca branca.
O tempo no cinema e em outras artes narrativas é uma ferramenta elástica. Anos passam em um segundo e segundos demoram para passar. Tudo depende da história que se conta.
O tempo no cinema é sempre construído a partir da linguagem e do conjunto de intenções narrativas. Pode indicar tanto o tempo subjetivo, quanto o tempo cronológico.
O tempo cronológico é lógico, regrado, concreto, calculável, palpável, passa pelo agora, antes e depois. É o tempo dos relógios, cronogramas e calendários, é uma régua para a observação. O tempo subjetivo é o tempo da percepção; discorre sobre o quanto dura o tempo de uma experiência e por isso é variável; conecta-se à sensações subjetivas da duração dos eventos, e por isso há tantas expressões sobre esse tipo de tempo, como o “tempo voou”, “tempo congelou”; a experiência boa “escapou pelas mãos” ou a experiência grave “que parece que não passa nunca”. O tempo subjetivo é impossível de quantificar.
Na cena do curta-metragem “O Duplo” (direção de Juliana Rojas, 2012, 25 min.), em que Silvia está reunida com o grupo de professoras na escola em que trabalha, temos a sensação de um tempo estendido. Isso acontece por conta do ritmo de montagem da cena, que intercala a conversa em torno de Silvia e o movimento das mãos de Vanda, a professora de matemática. O tempo passa devagar porque há desconforto e muita tensão na cena e no que está acontecendo com Silvia, que passou a ver o seu duplo pela escola. Embora ela não fale sobre isso na reunião, quem está assistindo o filme, sabe.
Para citar esse artigo como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
FRANÇA, Ana Claudia C. V. de. Tempo cronológico, tempo subjetivo. Blog Plástico Bolha, 2022. Acesso em: . Disponível em: <https://anafranca.com.br/tempo-cronologico-tempo-subjetivo/>.