Toda narrativa nos conta sobre a misteriosa passagem do tempo, seja ele cronológico ou subjetivo.
Como contar, por exemplo, que se passaram anos numa história?
No curta-metragem “7 cômodos, coz., banh… Imperdível! (1984, Agnès Varda), a mudança física dos persongens em torno da mesa de refeições da família ou na cama do casal indica que o tempo passou, e as pessoas cresceram ou envelheceram. Essa interpretação é favorecida pelo mesmo cenário, enquadramento e composição sugerindo que, ainda que as aparências tenham mudado, tratam-se das mesmas pessoas.
Em “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”(2001, Jean-Pierre Jeunet), um canteiro com plantas e um ursinho de pelúcia vai passar por diversas estações – com sol, flores, neve ou chuva -, enquanto diz o narrador: “Os dias, os meses, os anos passam. O mundo exterior parece tão morto que Amelie prefere sonhar a vida, à espera da idade de partir.” No início desta sequência, Amelie aparece criança na janela, e ao final, é uma mulher que carrega uma mala em direção a um portão. Entendemos assim que a garotinha na janela cresceu e agora vai embora da casa do pai, enquanto o narrador nos informa sobre seu destino: “cinco anos mais tarde, Amelie se emprega num café de Montmartre…”.
Para citar esse artigo como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
FRANÇA, Ana Claudia C. V. de. Tempo narrativo: e passaram-se anos…. Blog Plástico Bolha, 2021. Acesso em: . Disponível em: <https://anafranca.com.br/tempo-narrativo-e-passaram-se-anos/>.